Investigações da Polícia Federal indicam que Vanderson Quintino de Sena, 37, vigilante de uma transportadora de valores, estaria envolvido no fornecimento de armas, munições e coletes à prova de balas para assaltantes de bancos associados ao grupo criminoso “Novo Cangaço”.
Ele foi detido em 21 de maio deste ano, em Guarulhos, na Grande São Paulo, durante a Operação Baal, que teve como objetivo prender suspeitos de participação no “novo cangaço”. Na operação, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão em quatro estados: São Paulo, Bahia, Maranhão e Piauí.
As investigações começaram em abril de 2023, após uma tentativa de roubo a uma base da Brink’s em Confresa, Mato Grosso, que resultou na morte de 18 criminosos em confronto com a polícia. A maioria dos suspeitos era oriunda de São Paulo e tinha ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Entre os mortos estava Ronildo Alves dos Santos, que havia participado do assalto em lugar de Fleques Pereira Lacerda, conhecido como Pequeno, que liderava a quadrilha. Pequeno foi morto em dezembro de 2023, em uma emboscada em Osasco, região metropolitana de São Paulo.
No dia da Operação Baal, as autoridades confirmaram a prisão de ao menos 13 pessoas, sendo quatro delas CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), acusados de fornecer armamentos à organização criminosa.
Munições escondidas
Um dos CACs detidos era justamente Vanderson. A polícia não divulgou inicialmente que ele trabalhava, desde 8 de junho de 2015, como vigilante de carro-forte para uma importante empresa de segurança e transporte de valores de São Paulo.
Os agentes foram à sua residência para cumprir mandado de busca e apreensão, investigando seu possível envolvimento em roubos a carros-fortes. Vanderson foi preso quando a PF encontrou 56 projéteis de calibre 9 mm escondidos no micro-ondas.
O celular do vigilante foi apreendido e passou por perícia, revelando diversas mensagens nas quais ele oferecia munição, armas e até fuzis para os irmãos Fleques (Pequeno) e Delvane Pereira Lacerda, o Pantera. Este último foi preso no mesmo dia que Vanderson.
Em uma mensagem enviada a Fleques em 6 de abril de 2023, três dias antes do ataque à base da Brink’s em Confresa, Vanderson combina de viajar com ele ao Piauí.
Violência extrema
Em 10 de abril, um dia após o crime, Vanderson disse ao comparsa que conversou com um policial federal, casado com sua prima, para sondar o andamento das investigações sobre o assalto frustrado. Entre setembro e novembro de 2023, os dois falaram em várias ocasiões sobre a venda de armas, carregadores e munições.
A troca de mensagens entre Vanderson e Delvane também revela a brutalidade dos membros do “novo cangaço”. Em 11 de fevereiro de 2024, Pantera enviou ao vigilante a foto de um inimigo morto, com a cabeça decepada, enquanto o assassino segurava o coração da vítima. Em dezembro de 2023 e janeiro deste ano, Vanderson e Delvane negociaram a compra de armamentos e coletes balísticos.
Segundo a PF, Vanderson foi contratado pela transportadora de valores com um salário inicial de R$1.874,23. Ele saiu de férias em 5 de maio de 2023 e foi preso 16 dias depois. O vigilante também é investigado por associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Fonte: UOL | Reprodução