O Coronel da reserva da Polícia Militar (PM), ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e atualmente deputado federal pelo PP, Coronel Telhada nunca escondeu que atuou como segurança privada durante sua carreira na PM. Ele foi responsável pela segurança do apresentador Augusto Liberato, o Gugu, por 15 anos, desenvolvendo também uma relação de confiança e amizade com ele.
O assunto voltou ao debate recentemente, após policiais militares serem flagrados fazendo a segurança de Vinícius Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), assassinado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, há 10 dias.
Em entrevista ao Metrópoles, Telhada revelou que chegou a ser punido e preso no quartel por realizar atividades paralelas, algo proibido pelo regulamento da corporação. “Todos nós que fazemos ou fizemos bico, sabemos que é público e notório que é proibido”, afirmou.
Necessidade financeira e o “bico” como alternativa
Telhada destacou que muitos policiais recorrem ao trabalho extra para complementar a renda, especialmente em períodos de salários defasados. Ele afirmou que, no passado, cerca de 70% dos policiais militares faziam segurança privada no horário de folga. “Mil vezes o homem fazer uma segurança, um trabalho na hora de folga do que ficar bebendo, tomando cachaça em boteco, arrumando problema, arrumando briga”, argumentou.
No entanto, ele ressaltou que há limites “éticos” e legais para essas atividades, como evitar trabalhar para pessoas suspeitas de envolvimento com o crime organizado, bicheiros, contrabandistas ou atuar na escolta de dinheiro em espécie e joias.
Punições e a conciliação com o serviço público
O coronel admitiu que já foi punido várias vezes por realizar trabalhos paralelos, mas enfatizou que nunca se envolveu em atividades ilegais. Para ele, o bico sempre foi uma forma de buscar melhores condições de vida, embora reconheça os riscos de conciliar as duas funções.
“A gente trabalhava forte no bico e trabalhava forte na PM, fazendo com que a gente desenvolvesse da melhor maneira possível. Então, para mim, nunca houve nenhum tipo de problema em fazer bico e trabalhar na hora de folga.”, destacou.
Atuação de PMs em bicos para pessoas investigadas
Comentando casos como o de Gritzbach, Telhada classificou como “totalmente irregular” a atuação de policiais para indivíduos ligados ao crime organizado. Ele lembrou episódios em que policiais foram presos por fazer segurança para contrabandistas.
“Você fazer bico é irregular, é punição disciplinar, você vai ficar preso na polícia. Agora, você trabalhar com uma pessoa envolvida com o crime, trabalhar com uma pessoa que tem ligações com o crime, que é criminoso. (…) Você comete um crime também e vai responder por esse crime.”
A importância de cautela e critério
Para Telhada, a escolha de serviços extras exige cuidado. “Quando a gente era convidado para um bico, para fazer uma segurança, a gente sempre levantava onde era, com quem era, por que era, qual o motivo, qual o serviço.”, afirmou.
Ele reiterou que, embora o bico seja uma infração disciplinar, ele não pode estar atrelado a práticas criminosas. “Mesmo o bico, apesar de ser uma infração disciplinar, ele não pode ser com cometimento de crime. Ele não pode ser junto com criminosos. Aí, você se nivela no mesmo patamar e vai responder por isso.”
Leia a entrevista na íntegra em:
https://www.metropoles.com/sao-paulo/nunca-foi-vergonha-defende-ex-comandante-da-rota-sobre-bico-na-pm
Por Revista SSP