Na manhã da sexta-feira (25/04/2025), o Ministério Público da Bahia (MPBA) realizou a “Operação Terra Justa”, com a finalidade de desmontar uma organização miliciana armada que atua há mais de dez anos em conflitos agrários nos municípios de Correntina e Jaborandi, no oeste do estado.
A operação foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com o apoio da Polícia Civil da Bahia, da Corregedoria Geral da Polícia Militar e da Cipe Cerrado, vinculada ao Comando de Policiamento de Missões Especiais. Foram cumpridos dois mandados de prisão e quatro de busca e apreensão, expedidos pela Vara Criminal de Correntina.
Milícia agia sob fachada de empresa de segurança
De acordo com o MPBA, o grupo se apresentava como uma empresa de segurança privada, embora não possuísse autorização da Polícia Federal para atuar na área. Na prática, prestava serviços ilegais de proteção a propriedades rurais de grandes latifundiários, recorrendo a ameaças, agressões físicas e expulsão violenta de comunidades tradicionais.
As investigações indicam que a milícia participava de esquemas de grilagem, perseguindo comunidades de fundo e fecho de pasto, famílias posseiras e grupos tradicionais com o objetivo de ocupar e controlar terras ocupadas há gerações por essas populações.
Armas, munições e eletrônicos foram apreendidos
Durante a execução dos mandados, foram recolhidos armamentos, munições e dispositivos eletrônicos que agora passarão por perícia. Os materiais servirão para fortalecer as acusações por organização paramilitar privada apresentadas à Justiça contra os envolvidos.
As ordens judiciais foram deferidas com base em provas reunidas pelo Gaeco, que evidenciam a atuação direta do grupo miliciano na repressão armada a comunidades envolvidas em disputas por terra.
Reflexão crítica: omissão do Estado e aumento da violência rural
A operação evidencia as deficiências do Estado brasileiro na gestão de conflitos fundiários, especialmente em áreas dominadas pelo agronegócio. A atuação de grupos armados privados representa uma grave ameaça ao Estado de Direito e agrava a situação de violência vivida por comunidades tradicionais em situação de vulnerabilidade histórica. A prática de usar empresas clandestinas de segurança em disputas agrárias é frequente em diversas regiões do país, e muitas vezes encontra respaldo na omissão — ou mesmo no apoio — de autoridades locais. Isso reforça a necessidade de uma resposta firme, coordenada e permanente por parte do Ministério Público e do Judiciário.
Fonte: Jornal Grande Bahia | Reprodução
https://jornalgrandebahia.com.br/2025/05/operacao-terra-justa-desarticula-milicia-armada-envolvida-em-conflitos-fundiarios-no-oeste-da-bahia/